terça-feira, 24 de maio de 2011

POR QUE EU NÃO POSSO SER UM FILHO DA PUTA?


            Esse foi o questionamento do meu filho de quatro anos ao chegar da escola.
            Em uma fração de segundos mil coisas me passaram pela cabeça: Será que algum colega xingou ele? Que tipo de escola é essa que eu escolhi e que permite esse vocabulário? Deixa eu falar com essa professora... Que será que aconteceu que deixou a outra criança com tanta raiva? Será que o outro (o que xingou), sabia o que estava falando? O que respondo agora?
            E ele ali, pacientemente me esperando. Então pedi para me contar exatamente o que aconteceu. Foi uma briga entre colegas ao que a professora interferiu dizendo que era muito feio falar aquilo bla, bla, bla (ufa! Ela está sabendo e tomou uma atitude).
            Porém essa atitude não foi o suficiente pra aplacar a curiosidade do meu filho e ele teve que me trazer essa “lição de casa”.
            “O que é uma puta?” Como falar mal das putas se estamos na era da “Bruna surfistinha”? (nem assisti o filme, não sei o que é enfocado). Sem saber o que dizer me veio a mente aquela imagem de vulgaridade, mas nem todas são assim, a internet mostra moças bem apessoadas. Fiquei me perguntado se elas estão nesta situação por vontade própria ou não. Mas enfim, são pessoas iguais a mim, que tem sentimentos e necessidades. Já ouvi dizer que é a profissão mais antiga do mundo e de fato só estão ali porque tem clientes, tem alguém que as procura. Nunca vi nenhuma delas entrar em uma casa e pegar os homens pelas mãos e leva-los indefesos embora.
            Respondi que é uma mulher igual a mamãe, só que ela se vende. “Como assim se vende?” Pessoas dão dinheiro para fazer o que quiser com o corpo delas. “Essas pessoas tiram pedaços delas?” Do corpo não, só da alma... Você gostaria que a mamãe fosse uma puta? “Não, acho que não. Inteira você é mais feliz.”

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