
Devo confessar que antes de me tornar mãe não conhecia essa língua, ou melhor não sabia falar. Mas já tinha visto vez ou outra por aí e achava ridícula, sem graça e até desconcertante.
Porém veio ao mundo meu belo rebentinho e começamos a trocar olhares intensos e a balbuciar as primeiras palavras em mamanhês a sensação é mágica. São momentos ímpares e sublimes onde tudo em volta perde o sentido ou desaparece. É uma linguagem única onde o amor permeia todos os fonemas, essa ação faz surgir de dentro de nós uma paz e harmonia que faz com que se perca a noção do tempo, do espaço, dá sentido a vida e faz tudo valer a pena.
Para um expectador aquilo parece uma bobagem. Mas, se visto bem de perto, se compreendido, se buscado lá bem longe nas raízes do inconsciente as origens da construção da nossa imagem que se fizeram em uma idade bem tenra, onde não sabíamos andar nem falar, onde encontramos os doces olhos de uma mãe e sentimos todo o prazer e a segurança desse encontro, só assim é possível perceber como é bom falar mamanhês.
Aqui e agora neste mundo frio e estressante, neste vai e vem de carros, celulares, neste sentimento de solidão dentro da multidão, cada um preocupado com o seu cada qual é possível encontrar a paz, ela está ali bem ao alcance das mãos, é só se deixar levar...
Muito do que somos e até a maneira que pensamos são reflexos desta época e da qualidade do mamanhês que falávamos. Como dizia o poeta Willian Ross Wallace “ As mãos que balançam o berço são as mãos que governam o mundo”.