terça-feira, 28 de junho de 2011

ESTOU INDIGNADA COM O BRUNO

 
            Esse virou (novamente), assunto obrigatório em todas as rodinhas de conversa, desde velórios até festas de aniversário de criança. Basta arrumar um cantinho onde se pode ouvir e posicionar-se de maneira que também possa falar de vez em quando e esperar. Não se preocupe que não demora muito. De repente alguém levanta a questão: “mas você viu ontem o que apareceu no jornal... diz que ele foi ameaçado... estavam tentando tirar dinheiro dele...”
            Evito esse hábito de assistir programas jornalísticos, não me agrada aquele desfile interminável de misérias. Mas mesmo assim, não estou ilesa, sei tudo sobre o Bruno. E quietinha ali vou absorvendo as informações que vem e principalmente os valores que estão sendo disseminados. Certa feita, tentei introduzir um humilde comentário: “Bem, acho que o erro dele começou bem antes, no fato de ter tido uma amante, ela ter engravidado e não assumir esse filho.”
            Encerrei o comentário com a alma lavada. Eu, melhor do que todos ali, tinha achado a raiz do problema. O momento exato em que o leite foi derramado. Qual não foi a minha surpresa ao ouvir os comentários que me sucederam. “Ele é homem, devia levar uma vida dura como jogador, têm o direito de se divertir um pouquinho. Tinha é que ter pago pensão como todos os outros fazem e então estaria tudo bem. Mas não, ela deve ter atazanado tanto ele, o que fez com que o pobre perdesse o juízo.”
            Então me perdi em devaneios e nada mais pude apreender da conversa. Lembrei de outro trecho de comentários que citavam a esposa e o fato dela estar com o filho da vítima, agarrando com unhas e dentes aquele título de esposa, não importa que traída, não importa que seja (se for provado a culpa), de um assassino, mas esposa.
            E a parte então de o simples fato de ele ser homem ter esse direito me causou até calafrios. Que valores são esses? O barulho que a família da vítima  fez pela guarda da pobre criança me deixa totalmente sem comentários.
            Estive essa semana participando de um congresso e uma das falas me chamou muito a atenção. “Conceito de família: pessoas que tem a chave da mesma casa”. Não quero ser feminista radical, nem conservadora ao extremo no que diz respeito à família, mas penso que um pouco de bom senso e responsabilidade para tomar decisões e assumir o resultado das nossas escolhas caem bem.