Por um milhão de motivos que não valem a pena serem citados, aos 41 anos de idade, ainda não tenho a habilitação. Ou seja, querido marido me leve ali, me busque aqui, me encontre lá... Não tem táxi, o ônibus demora, as sacolas pesadas o filho pequeno (cinco anos), me fizeram tomar coragem de entrar em uma “Escola de Formação de Condutores”.
Antes mesmo das aulas teóricas, já reprovei no primeiro teste que fiz. O de vista, era cegueta e nem sabia... A notícia é que vou ter que usar óculos. Bom... quem sabe assim consiga ver mais longe e resolver outras questões que me incomodam. Vou ficar com mais cara de intelectual, vai dar mais charme a minha profissão, professora. Na verdade, nada disso interessa, vou ter de usar e pronto.
No primeiro dia de aula meu nome não estava na lista de alunos, fiquei lá e assisti a aula. Porém terei que repor. São vários dias de teoria obrigatória e até necessárias que precisam ser cumpridas a risca e isso é apenas o começo.
Então, como me é peculiar, comecei a pensar. Quando você decide realmente que quer alguma coisa, que arregaça as mangas pra conseguir e na medida que vai avançando é primordial o surgimento de obstáculos.
Adoro rodinhas com minhas amigas e em uma destas estava eu contando as aventuras e desventuras deste processo quando uma delas me disse: “Qual é o seu objetivo?” É ser bem tratada? É fazer check-up de saúde? Fazer novas amizades? Ampliar conhecimentos? Ou ter a habilitação?
Levando isso para outras situações, como é fácil perder o foco! Pelo menos para mim. Sempre que me envolvo em uma atividade acontece um emaranhado de situações que me desviam, me desgastam e levo o triplo do tempo pra chegar lá.
Tão mais simples é se deixar levar, me inscrevo, faço o que tem que ser feito e saio de lá habilitada. E os detalhes? Esses são apenas “detalhes” e se não der força e voz a eles. Os obstáculos não são os acontecimentos em si, mas a interpretação que faço deles.