Ao longo da minha vida de mulher moderna e independente, trabalhando fora, estudando e com atividades sociais. Sempre necessitei de ajuda nos trabalhos domésticos.
E já passaram pela minha casa dezenas de pessoas, algumas desistiram de mim... E outras dispensei. Quanto as que as me abandonaram...Bom, deixa pra lá, acho que nem quero saber o motivo. O que me consola é que não foram a maioria.
Vou discorrer apenas sobre as que foram dispensadas. Já tive que cortar esse serviço até por contenção de gastos, por incompatibilidade de dia e horário, além de motivos mais específicos como: quebrar muitos objetos, machucar-se excessivamente, montar coleção de souvenirs com meus pertences, fazer tudo mal feito, ser faltosa e uma porção de outros atributos semelhantes.
Então, fazendo uma lista de tudo isso comecei a olhar a situação por outro ângulo. Todos nós temos dificuldades. Há sempre momentos que, mesmo sem querer, a gente acaba pecando. Se fosse avaliada desta maneira, será que estaria a dezenove anos no mesmo emprego? Acho que não...
Agora procuro ver o que essa pessoa fez de bom por mim e pela minha família, se percebo uma dificuldade fico imaginando como posso ajudar.
Dependemos das relações humanas para sobreviver, não importa o quanto abonada ou habilidosa seja uma pessoa, ela vai precisar comprar e vender algo e quem vai estar na outra ponta desta relação é outro semelhante que também tem família, prioridades, sonhos, medos, vícios, talentos...
Não se pode voltar atrás e modificar o passado, confesso até que não cultivo arrependimentos. Fiz o que era a melhor escolha na maturidade que dispunha naquele momento. Espero ter sido sutil, amável e generosa. Mas hoje, vejo as fraquezas de maneira mais humana e foram todas essas pessoas que me ensinaram isso.
Sou grata pelos que me rodeiam e possibilitam esse tempo de sentar e escrever, agradeço também pelas toalhas macias, pela cama cheirosa, pelo banheiro organizado...
E no meu trabalho procuro ser o mais impecável possível, não estou dizendo que sou, apenas que dou o melhor com amor e consideração a todos que contam comigo. E como uma última confissão a pessoa que está na minha casa agora, já faz um bom tempo e não deu sinais de querer ir embora.