A principio esse livro foi comprado para dar de presente ao meu marido. Ele chegou a dar uma folheada, mas não gostou. Então o pobre ficou lá na estante por um bom tempo olhando pra mim...
Até que um dia, sem nenhuma outra opção de leitura, me entreguei a ele. Realmente, o inicio é meio “lugar comum”, nada que chame muito a atenção. Mas, como realmente não havia mais nada em casa para ler, fui persistindo.
Ele me mostrou um lado do universo masculino que nunca tinha me dado conta. Destacam várias vezes a necessidade de modelos masculinos para os meninos, o que era comum em outros tempos quando os homens ficavam mais próximos de suas famílias e que hoje o menino fica a maior tempo com mulheres, na escola vai ser educado por mulheres e os exemplos que tem são outros meninos que estão ali tão perdidos quanto ele. Nesta visão, vão crescendo aos trancos e barrancos, sem saberem corretamente como expressar as suas necessidades de homem como ser humano e o que se esperam deles. Os trágicos resultados são evidentes: morte prematura como conseqüência do estresse e da falta de cuidado com a saúde, acidentes com veículos e no local de trabalho, dependências químicas, violência física contra a mulher, abuso sexual contra crianças, agressões na escola, falência moral nos negócios e na política, divórcios... a lista de sofrimentos é infinita e eles seguem tateando pela vida como pessoas amargas, emocionalmente distantes e profundamente marcados pelo que viram e viveram.
Evidente que além de mapear a situação, ele também apresenta caminhos e possíveis soluções. O primeiro passo em direção a cura, é quando o homem admite que não está feliz. Ao fazer isso ele rompe com um padrão de negação e fingimento. É necessário entender que ser emocionalmente honesto não é sinal de fraqueza, os homens que se orgulham de nunca demonstrar emoções são tensos e explodem subitamente por motivos insignificantes e se tornam desagradáveis de se ter por perto. Quando negamos as emoções elas não desaparecem, na verdade ficam mais perigosas...
E as mulheres contam desde pequenas com inúmeros exemplos de como agir e reagir perante as situações. O relacionamento entre elas, que sempre se misturam em grupos de diferentes idades e condições, tem mais possibilidades de se abrir, trocar experiências e impressões a respeito do mundo que as rodeia e a melhor maneira de se relacionar consigo mesmas e com os outros.
Entre os homens: o seu sentimento de solidão, a competição compulsiva e a timidez emocional. Embora não tenham a intenção, são sempre um problema para as mulheres e um problema bem maior para si mesmos. Cada homem vive uma luta silenciosa...
Emaranhando-se por este caminho ele vai mostrando os sete passos para a masculinidade, o que tornaria o homem um ser completo e com maior possibilidade de ser feliz.
Eu vou descrever rapidamente os sete passos definidos por Steve Biddulph para exercer a masculinidade de maneira mais natural e saudável.
1. “Acertar os ponteiros” com o pai: Parece até tema de filme americano, em que inúmeras vezes se percebe o homem fazendo de tudo para ganhar a aprovação do pai. É crucial ter um relacionamento claro e bem resolvido. Se ele já desencarnou tem sugestões de como resolver isso e se ainda o tem aponta o caminho das pedras.
2. Encontrar o que existe de sagrado na sexualidade: Esse tema foi muito bem desenvolvido. O autor descreve a vida sexual da maioria dos homens como pobre e obsessiva. Quando eles aprendem a lidar com a energia sexual tem acesso a uma fonte poderosa de prazer e bem estar.
3. Relacionar-se de igual para igual com a parceira: Achar uma companheira é fácil, o difícil é continuar com ela. As relações precisão de mais equilíbrio.
4. Participar ativamente da vida das crianças: Os homens precisam entender que nós mulheres, apesar de dar conta muito bem da educação dos filhos, não temos todos os ingredientes necessários. É com o homem que as crianças aprendem a balancear dureza-ternura, para que os meninos aprendam a serem homens e as meninas tenham auto-estima e elevem seus padrões de relacionamento buscando companheiros que as amem e respeitem.
5. Aprender a ter verdadeiros amigos do sexo masculino: O apoio emocional de outros homens é fundamental, eles podem evitar que você cometa erros desnecessários. Quando pequenos, os meninos são tão afetuosos. Andam abraçados, tratam os menores com gentileza e carinho, não se abalam na presença de meninas e são até capazes de chorar a morte de um animalzinho. Depois eles crescem e precisam provar que são homens, então começa a rivalidade e a competição. É o processo de desumanização do homem, uma boa amizade facilita, estabiliza e dá suporte a vida. Além de que ter amigos é revigorante.
6. Encontrar um trabalho onde você ponha a alma: Quando perguntei pro meu filho de cinco anos o que ele quer ser quando crescer ele me disse: médico, piloto e lutador. Na verdade ele me descreveu o que lhe dá prazer: cuidar dos que passam por dificuldades, viver aventuras e liberar a testosterona. É necessário encontrar um trabalho no qual acredite de modo que o tempo e energia dedicados a sua vida profissional caminhem na direção da alma. Não basta ganhar dinheiro. A verdadeira tarefa do homem é apoiar e proteger a vida e contribuir para um mundo melhor.
7. Libertar o seu espírito independente: A estabilidade interior não vem de realizações e conquistas, você precisará de uma base espiritual que seja especificamente masculina e fundamentada na natureza que o conecta a terra onde vive. À medida que for envelhecendo ela será sua fonte de força e harmonia, libertando-o do medo e da dependência dos outros.
A lista é essa e de acordo com o autor não existe uma ordem em que as coisas precisam acontecer. Alguns pontos você já pode até ter resolvidos, em outros pode estar em andamento e ter até aqueles que pareçam insuperáveis. O livro é todo dedicado a exploração destas idéias e ao esclarecimento de suas implicações práticas. Porém todas as etapas são colocadas como necessárias ao seu progresso com relação à masculinidade. Sentiu curiosidade? Ótimo! Procure o livro: Por que os homens são assim? de Steve Biddulph e boa leitura.