
Esse foi o
primeiro livro completo de um autor que já fazia algum tempo me chamava à
atenção com suas citações, posicionamentos e causas defendidas. Foi como aquela
amizade de comprimentos pela manhã, lá de vez em quando acompanhados de uma
singela e descompromissada simpatia, mas o respeito por uma pessoa digna de
prêmio Nobel.
Através de Caim, tivemos a nossa
primeira conversa íntima e pessoal e ele me meteu medo. Uma linguagem fria e
distante, uma descrença no ser humano, uma banalização da vida. Nem estou
levando em consideração as questões relacionadas à religião que são chocantes e
desnecessárias. Mas se retiradas o livro perde o sentido, fica seco, oco e sem
perspectivas.
Mas o que dá sentido ao livro, dá
também, um gosto amargo na boca, parece uma revolta, uma necessidade premente
de afrontar, de responder as indignações com um severo: “NÃO TO NEM AÍ!!!!!”.
Quando se lê o livro, a impressão
que fica é de uma pequenez miserável e profunda, é uma falta de esperança. Um
abismo negro se abra diante dos olhos e ele continua incansável página após página
vomitando seu desprezo pela raça humana e suas crenças religiosas.
E acaba assim, sem acabamento
próprio. A impressão que dá é que cansado de escrever ele simplesmente para e
dá as costas, sem nem se importar com as perguntas que surgem. Pra ele a obra
está completa e é inquestionável.